segunda-feira, 24 de junho de 2013

Foto legenda¹


Qualquer semelhança não é mera coincidência. Estive em Natal vendo a manifestação da última quinta-feira à noite. Entre milhares de cartazes com frases as mais diversas, estava uma que se repetia em vários cartazes em setores mais ou menos estratégicos da caminhada. Não estavam muito perto uns dos outros para que pudessem ser vistos por muita gente ao longo do trajeto e de ângulos diferentes. Era o cartaz que dizia: “O Gigante acordou”. “Coincidentemente” os mesmos dizeres estavam nas ruas em 1964, na famigerada “Marcha Por Deus, a Pátria e a Família²”, a marcha que mergulhou o Brasil em uma ditadura sangrenta, obscura, corrupta e entreguista que durou mais de vinte anos de peia. Quando digo que aquela frase não estava ali por acaso, que era mera coincidência, é porque, mesmo que a imensa maioria dos manifestantes é formada por gente da melhor cepa, brasileiros dignos que querem um Brasil melhor, mas uma minoria que radicaliza, baixa o nível, depreda e provoca, é da mesma laia daquelas matronas que levaram os cartazes em 1964. São crias, filhotes e viúvas do golpe militar.
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¹Por Crispiniano Neto
²Este foi o nome de uma série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da sociedade brasileira em resposta ao comício realizado no dia 13 de março de 1964, no Rio de Janeiro, em que o presidente João Goulart anunciou seu programa de reforma de base. (grifo nosso)

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