sexta-feira, 20 de maio de 2011

Aprender com Amanda (por Joel dos Anjos)

O discurso da professora Amanda Gurgel de Freitas durante audiência pública realizada na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte não me apaixonou pelas verdades reveladas, mas pela liberdade que a meu ver deve ser o primeiro requisito de um profissional em educação. Foi um discurso de quem não está preso a nenhum sistema nem a nenhum líder político. Um discurso de quem não recebeu "cantilenas da solidariedade" para mascarar a verdade ou fingir-se satisfeito diante de uma realidade adversa.
Muitos aplaudiram o sóbrio discurso da professora Amanda Gurgel, mas quantos teriam liberdade para proferí-lo? Eu sonho com uma educação feita por "Amandas", por professores que não tenham amarras, mas sonhos; que não tenham líderes, mas que se façam líderes de uma luta transformadora capaz de mudar os rumos e o destino da educação.
A educação é usada para libertar ou para alienar. Ouvi atentamente o discurso da professora Amanda Gurgel e fiquei a imaginar os professores que passaram pela sua vida. Conclui, sem esforço, que não poderiam ser professores acobardados. Não consigo imaginar os professores que passaram pela vida de Amanda indagando sobre o nome do governador ou do prefeito antes de irem à luta por seus direitos.
O professor também ensina pelo exemplo. Que o discurso da professora Amanda Gurgel possa alertar as autoridades. Mas que fique o seu exemplo. Aprendamos com Amanda que a luta por uma educação de qualidade se faz em qualquer tempo e em qualquer governo. Aprendamos com Amanda a não cantar as "canções de ninar" oferecidas pelo governo para adormecer a nossa própria liberdade.

sábado, 7 de maio de 2011

Em nome da paz (por Joel dos Anjos)

No final das contas é até explicável a euforia do povo norte-americano com a morte do líder da Al-Quaeda, Osama Bin Laden, embora eu prefira acrditar que não existe nada a comemorar na morte de um homem.
Mas enquanto líderes do mundo inteiro parabenizam o presidente Barack Obama pela morte do líder terrorista, eu me pergunto se eles atentaram para o fato de que os interesses dos Estados Unidos são mais importantes que a soberania de qualquer país, afinal não podemos ignorar que a vingança exercida pelos Estados Unidos no dia primeiro de maio foi também um atentado à soberania do Paquistão.
De todo modo, fica ainda uma interrogação: em que teria pensado Barack Obama, Prêmio Nobel da paz em 2009, quando autorizou a execução sumária de Osama Bin Laden?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

The invitation

Não me interessa o que você faz para ganhar a vida.
Quero saber o que você deseja ardentemente, se ousa sonhar em atender aquilo pelo qual seu coração anseia.
Não me interessa saber a sua idade.
Quero saber se você se arriscará a parecer um tolo por amor, por sonhos, pela aventura de estar vivo.
Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a sua lua.
Quero saber se tocou o âmago de sua dor, se as traições da vida o abriram ou se você se tornou murcho e fechado por medo de mais dor!
Quero saber se pode suportar a dor, minha ou sua, sem procurar escondê-la, reprimi-la ou narcotizá-la. Quero saber se você pode aceitar a alegria, minha ou sua; se pode dançar com o abandono e deixar que o êxtase o domine até a ponta dos dedos das mãos ou dos pés, sem nos dizer para termos cautela, sermos realistas, ou nos lembrarmos das limitações de sermos humanos.
Não me interessa se a história que me conta é verdade.
Quero saber se consegue desapontar outra pessoa para ser autêntico consigo mesmo, se pode suportar a acusação de traição e não trair a sua alma. Quero saber se você pode ver beleza mesmo que ela não seja bonita todos os dias, e se pode buscar a orígem de sua vida na presença de Deus. Quero saber se você pode viver com o fracasso, seu e meu, e ainda, à margem de um lago, gritar para a lua prateada: "Posso!"
Não me interessa onde você mora ou quanto dinheiro tem.
Quero saber se pode levantar-se após uma noite de sofrimento e desespero, cansado, ferido até os ossos, e fazer o que tem de ser feito pelos filhos.
Não me interessa saber quem você é e como veio parar aqui.
Quero saber se você ficará comigo no centro do incêndio e não se acovardará.
Não me interessa saber onde, o quê, ou com quem você estudou.
Quero saber o que o sustenta a partir de dentro quando tudo o mais desmorona.
Quero saber se consegue ficar sozinho consigo mesmo e se, realmente, gosta da companhia que tem nos momentos vazios.

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Trecho do livro "O convite".

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Morto líder da Al-Quaeda (por Joel dos Anjos)

O líder da rede terrorista Al-Quaeda, Osama Bin Laden, é morto numa operação conjunta dos Estados Unidos com o Paquistão.

Segundo o presidente Barack Obama, em pronunciamento na madrugada dessa segunda-feira, 2 de maio, a morte de Osama foi consqüência de uma ação de inteligência do exército norte-americano em parceria com o governo do paquistão.

No domingo, 1º de maio, um pequeno grupo de soldados americanos conseguiu matá-lo. Osama estava em uma casa de dois andares em Abbotabad, nas cercanias de Islamabad, capital do Paquistão.

"Foi feita justiça. Nesta noite tenho condições de dizer aos americanos e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama Bin Laden, o líder da al-quaeda e terrorista responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças" - disse o presidente Barack Obama.



domingo, 1 de maio de 2011

Dia do trabalhador (por Joel dos Anjos)

Manifestação em Haymarket, Chicago, maio de 1886



As comemorações do 1º de maio surgiram do protesto da classe trabalhadora contra o Massacre de Haymarket, acontecido em 1886 em Chicago, Estados Unidos.

Em 1886 Chicago era o principal centro industrial dos Estados Unidos. No dia primeiro de maio daquele ano milhares de trabalhadores foram às ruas protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias.

O dia primeiro de maio de 1886 não ficaria marcado apenas pelas manifestações, passeatas, piquetes e discursos, mas também pela dura repressão ao movimento. Acusados de terem jogado uma bomba contra a polícia George Engel, Adolf Fischer, Albert Parsons, August Spies e Lois Lingg foram presos e tempos depois condenados à morte.

Em memória dos mártires de Chicago e por tudo que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para todo o mundo, o dia 1º de maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalhador.



Meu Maio

A todos

Que saíram ás ruas

De corpo-máquina cansado,

A todos

Que imploram feriado

Às costas que a terra extenua -

Primeiro de Maio!

Meu mundo, em primaveras,

Derrete a neve com Sol gaio -

Sou operário -

Este é o meu maio!

Sou camponês - este é o meu mês.

Sou ferro -

Eis o maio que quero!

Sou terra -

O maio é minha era!



(Meu Maio, Vladimir Maiakovski)