terça-feira, 16 de março de 2010

A desconhecida ( por Joel dos Anjos )

Delírio... fantasia... miragem... imaginação
Fugidio sonho que embriaga e entontece.
Vulto que apenas se reconhece:
Não se prende, não se segue, não se sabe a direção.

Voz, sorriso: magia... sedução
Qualquer coisa que deslumbra e apetece
Edêneo gozo em que a alma adormece:
Verso... poesia... canção.

Cabelo ao vento... indiferente passa
E o instante se enche de graça
Ternura... fascínio... perfeição.

Passa... e ao perder-se na distância
Fica o desejo, o sonho, a ânsia
Silêncio... vazio... solidão.

terça-feira, 9 de março de 2010

Dezembro ( por Joel dos Anjos )

Já percorri todo o círculo.
Como um fantasma inquieto
Vago na trajetória habitual.
Não invejo a paz convencional
Nas pessoas hipócritas,
Nem aspiro a uma felicidade fugaz -
Que dura um só momento -
Aliás, de nenhuma ambição
Se devia armar meu pensamento
Pois nada há que possa ser mudado:
Assim como o dia se achará
Fatalmente nos braços da noite
Corro de encontro ao determinado.
E nada há que me possa ser acrescentado.
Apenas vivo, consumo o que me pertence
E sonho o que necessito.

Em breve me acharei no começo.
No limiar dos sonhos,
No alvorecer das expectativas.
Onde os homens depositam a esperança
E o destino rir de escárnio.

Às pedras que me foram tiradas
Outras predestinadas tomarão lugar.

E assim se sucederá
Até que venha a mim o tempo de morrer.

sábado, 6 de março de 2010

Ele tinha um imenso amor por Campestre ( por Joel dos Anjos)

João de Hercílio. Eu não saberia esquecê-lo. Não serão apenas as obras realizadas quando prefeito por duas vezes que o tornarão inesquecível, mas também e principalmente o seu grande amor por Campestre. As obras servirão para lembrar o político; o amor, para imortalizar o homem. E era exatamente esse amor incondicional pela sua terra e pela sua gente que fazia dele, um líder. O maior líder que Campestre conheceu, a quem não faltou desafios nem a coragem necessária para enfrentá-los.

Fui testemunha das suas muitas lutas. Mais do que isso: fui um aliado. E aprendi a admirar a sua coragem, a sua determinação e a sua perseverança. Foram muitos os recomeços, mas sempre o via, depois de cada luta, ainda mais fortalecido, juntando os sonhos deixados pelo caminho para torná-los realidade um dia. E não era nenhum herói, contudo; era apenas humano, com seus defeitos e com suas virtudes.

Ele sabia falar de sonho. Ele falava de esperança como quem compõe uma canção ou um poema: acreditando que ela encontraria abrigo no mais sólido coração. Ele nos deixou um legado de luta. Ele nos ensinou a acreditar no nosso ideal por mais distante e inatingível que ele possa parecer. Sabia como ninguém, enxergar o valor de cada um. Estava sempre disposto a elogiar a virtude e a reconhecer o mérito. Desprezava o oportunismo, tivesse o oportunista o nome que tivesse, a força ou o poder.

João de Hercílio partiu e nos deixou um vazio emoldurado por atitudes que despertaram admiração. Resta-nos agora debruçarmos sobre a saudade traduzida em dor nesses primeiros dias de ausência e não esquecer jamais o seu exemplo.

É hora de perscrutar as lembranças para vencer, quem sabe, essa angústia, porque afinal elas saberão acalmar em nós essa silenciosa dor de não tê-lo.