quarta-feira, 26 de junho de 2013

Corações e mentes em disputa. É a luta de classes, mano! (por Crispiniano Neto)


Entrevista de João Pedro Stedile, dirigente do MST – Movimento dos Sem Terra esclarece muitos aspectos desta avalanche de jovens na rua, inicialmente pelo fim da tarifa de ônibus ou, no imediatismo, contra os aumentos das passagens. Todos se perguntam o que está por trás e o que virá pela frente. As análises quase sempre são muito confusas, porque demasiadamente superficiais, João Pedro, economista e mais que doutor em mobilizações populares põe o dedo na ferida e lembra o que quase todos fazem questão de “esquecer”. É a luta de classes. E acerta a mão também na dose do estágio em que a revolta se encontra nestes tempos de muitas bandeiras e nenhum foco, de muitos chefes e nenhuma liderança. Algo meio “vandresista” de “pelas ruas marchando indecisos cordões”. Do alto da sua experiência e sabedoria, Stedile alerta: “É hora do governo aliar-se ao povo ou pagará a fatura no futuro”. É muito sensata a avaliação de que “há uma crise urbana instalada nas cidades brasileiras, provocada por essa etapa do capitalismo financeiro”. E o diagnóstico de que “As pessoas estão vivendo um inferno nas grandes cidades, perdendo três, quatro horas por dia no trânsito, quando poderiam estar com a família, estudando ou tendo atividades culturais”. Para o dirigente do MST, a redução da tarifa interessava muito a todo o povo e esse foi o acerto do Movimento Passe livre, que soube convocar mobilizações em nome dos interesses do povo. Na entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Stedile fala sobre o caráter dessas mobilizações, e faz um chamamento: “devemos ter consciência da natureza dessas manifestações e irmos todos para a rua disputar corações e mentes para politizar essa juventude que não tem experiência da luta de classes”. Outra constatação irrefutável é a de que: “A juventude está de saco cheio dessa forma de fazer política burguesa, mercantil”. E é por demais pertinente o seu alerta: “O mais grave foi que os partidos da esquerda institucional, todos eles, se moldaram a esses métodos. Envelheceram e se burocratizaram. As forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas as suas energias para ir para a rua, pois está ocorrendo, em cada cidade, em cada manifestação, uma disputa ideológica permanente da luta dos interesses de classes”. Concordo sem restrições que: “Precisamos explicar para o povo quem são os principais inimigos do povo”. 

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