domingo, 23 de junho de 2013

CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO¹


Provisoriamente não cantaremos o amor,
Que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
Não cantaremos o ódio, porque este não existe,
Existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
O medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
O medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
Cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
Cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
E sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.






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¹ cARLOS dRUMMOND DE ANDRADE

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