sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Pontes ou muros? (por Joel dos Anjos)

Nos últimos três anos, se fez educação em Campestre construindo muros em vez de pontes. Primeiro se construiu um muro separando o professor e o governo; depois se construiu um muro separando o aluno dos seus direitos mais elementares, como merenda, transporte escolar e dias letivos. Teve até um muro separando a democracia das escolas e legitimando um terceiro mandato consecutivo para diretores, vice-diretores e coordenadores pedagógicos.
Educação é acesso. Não se pode falar bem de uma educação que nega oportunidades, que obstrui os caminhos, que constrói muros em vez de pontes. Uma educação feita assim, nesses moldes, está a serviço do atraso e não do desenvolvimento. Desenvolvimento significa diminuir a distância que nos separa da informação, do conhecimento, do senso de justiça, do respeito que devemos ter às pessoas e às coisas. Mas essa distância só será vencida se em vez de muros construirmos pontes.
Os muros segregam, mas as pontes nos levam, inevitavelmente, a novos caminhos e a novas descobertas. A construção de muros nos passa a ideia de isolamento; a construção de pontes sugere relacionamento.
A primeira ponte a ser construída deve ser aquela que levará qualidade de ensino às escolas. Essa ponte servirá também para levar a criança e o jovem à escola, não para ser mais um número em sala de aula, mas para preparar-se para a vida. Essa escola tem que despertar o interesse, tem que entusiasmar, tem que envolver. Não é uma escola qualquer.
A segunda ponte, não menos importante, é a ponte do diálogo entre o governo e quem pensa educação. Existe uma diferença entre quem faz educação e quem pensa educação. Na maioria das vezes se faz educação pensando em gastos, em despesas, em promoção pessoal, e o resultado é uma educação ineficiente, incompleta, deficiente na construção do saber.
A partir do diálogo é possível vislumbrar a construção de outras pontes: a ponte que levará o professor à motivação; a ponte que irá conectar o jovem ao conhecimento; a ponte que irá unir escola e sociedade...
É interessante como a construção de uma ponte leva a construção de outras pontes, todas elas voltadas para uma única direção: o desenvolvimento.
Pontes ou muros? A resposta me parece óbvia. O desafio aqui não é escolher entre o que nos limita e o que nos dá oportunidade, mas entender porque se ergueu mais muros do que se construiu mais pontes.

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