sábado, 16 de março de 2013

Em nome da verdade


Os familiares do jornalista Vladimir Herzog, morto durante a ditadura militar, receberam na tarde de ontem, sexta-feira (15) um novo atestado de óbito no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP). O documento traz como causa da morte "lesões e maus-tratos sofridos durante o interrogatório nas dependências do segundo Exército DOI-Codi". No atestado anterior, a versão para o óbito era de 'enforcamento por asfixia mecânica".
A determinação para um novo atestado de óbito foi do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), em setembro do ano passado. O juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do TJ-SP, atendeu a um expediente de iniciativa da Comissão Nacional da Verdade, criada para esclarecer as violações de direitos humanos no período da ditadura militar.
De acordo com Ivo Herzog, filho da vítima, o atestado tem dupla importância. "Isso significa enterrar um documento mentiroso que humilhava a família tendo que aceitar uma farsa para a morte do meu pai e por abrir precedentes para outras famílias fazerem o mesmo", justificou. Segundo Ivo, a luta não termina com a emissão do documento. "A nossa luta continua porque a gente quer ainda que sejam investigadas quais as circunstâncias da morte do meu pai", afirmou ele.
Para a ministra Maria do Rosário, que participou da cerimônia, a democracia é um processo constante e nunca está concluído. "Ela avançando quando o governo representando o Estado assume uma visão democrática e diz publicamente que renuncia toda a forma de violência e terrorismo de Estado como ocorreu no período da ditadura", disse.
Para Clarice Herzog, viúva da vítima, o novo atestado é motivo de felicidade. "Fiquei muito feliz. Não é uma conquista só da família, mas da sociedade. Várias famílias agora vão ter esse direito, também como nós tivemos. A grande conquista foi de anos atrás quando houve a sentença do juiz", declarou.
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Fonte: Portal G1

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