A suspensão judicial das atividades da Telexfree, empresa
acusada de montar um esquema de pirâmide financeira, tomou rumos inesperados.
Passou de protestos e agressões nas redes sociais a carreatas e até ameaças de
morte. A quantidade de pessoas enfurecidas com a decisão da Justiça dá mostras
do que há por trás do negócio. A promessa de lucro alto, rápido e fácil atraiu,
em apenas um ano, cerca de 1 milhão de pessoas, segundo estimativa de órgãos
envolvidos nas investigações. Essa gente, agora, quer evitar ficar no prejuízo.
E busca todas as formas de pressionar as autoridades para evitar o rombo.
No dia 18 de junho, a juíza Thais Borges julgou procedente
uma medida cautelar preparatória de ação civil pública proposta pelo Ministério
Público do Acre contra a empresa. Na última sexta-feira, o Ministério da
Justiça abriu processo administrativo contra a empresa por indícios de formação
de pirâmide financeira. A empresa terá até o próximo dia 8 para apresentar sua
defesa. Caso comprovada a existência de pirâmide financeira, ela pode ser
multada em até R$ 6 milhões.
A primeira grande manifestação pública no Recife foi uma
carreata no último domingo. Mas do interesse de milhares de pernambucanos no
caso, a maior pressão está concentrada em uma cidade bem longe da capital
pernambucana. Na última sexta-feira, o Ministério Público do Acre divulgou em
entrevista coletiva a existência de ameaças de morte contra a juíza Thais
Borges, da 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco. Foi ela quem suspendeu, no
último dia 18, a operação da Ympactus Comercial Ltda., a razão social da
Telexfree.
A empresa começou a arregimentar interessados em ganhar
muito dinheiro sem sair de casa no ano passado. O funcionamento do negócio é
sofisticado, mas, na avaliação de vários órgãos que se debruçaram sobre a
Telexfree, trata-se da conhecida “pirâmide financeira”, um crime tipificadono
código penal e já praticado antes por empresas como a Avestruz Master e a
Fazendas Reunidas Boi Gordo.
O primeiro sinal de alerta, em todo o País, veio do Procon
do Acre, seguido pelo de Pernambuco, que emitiu um comunicado sobre o assunto
ainda em janeiro passado. “Na época, informamos ao Ministério Público de
Pernambuco e também à imprensa, porque percebemos todos os indícios de pirâmide
financeira”, relata o coordenador geral do Procon-PE, José Cavalcanti de
Rangel.
Na avaliação do órgão pernambucano de defesa do consumidor,
do Ministério Público e órgãos de outros sete Estados, além do Ministério da
Justiça, apesar de toda a aparente sofisticação da Telexfree, que se diz uma
empresa de marketing multinível que vende pacotes de telefonia pela internet,
basicamente o dinheiro vem das pessoas que aderem à empresa.
A companhia diz vender pacotes de telefonia pela internet –
que dá direito ao usuário a usar a internet para telefonar para outros Estados
e países. Para isso, ela precisaria de “divulgadores”, gente convocada para
postar anúncios em sites de classificados, páginas de uso gratuito e que
possuem apenas anúncios.
Acontece que um divulgador tem duas missões: uma é postar
uma cota diária de anúncios e a outra, chamar novos divulgadores. Em troca, ele
recebe pacotes de telefonia, que sequer precisa vender – a Telexfree compra
tudo de volta. Assim, segundo todos os órgãos envolvidos nas investigações, o
único dinheiro que realmente circula na Telexfree e sustenta tudo é a entrada
de novos divulgadores. “Claramente a empresa só distribuía lucros com novos
adeptos”, diz Rangel.
Através de vídeos postados em seu site, o sócio e diretor de
Marketing da Telexfree, Carlos Costa, garante que a empresa é absolutamente
regular e afirma que as investigações terão efeito positivo, para comprovar a
legalidade do negócio.
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Fonte: Portal NE 10
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