terça-feira, 2 de julho de 2013

Cadê a droga da droga na pauta das manifestações?¹



Tenho todo o respeito do mundo pelos manifestantes e pelas manifestações, ressalvados os injustificáveis atos de vandalismo e a falta de semancol quanto ao momento certo de parar. Confesso que me senti novinho, quando, na semana atrasada, fiquei em cima de um viaduto em Natal, assistindo à massa passar em protesto, com milhares de cartazes, arrastando centenas de reivindicações que mexem com os mais diferentes poderes. É evidente que grande parte dos que estão nas ruas, inclusive alguns que se manifestam pacificamente, são usuários de drogas, mas com medo de encarar um assunto tabu, não querem levantar a bandeira, esquecendo que o problema não são eles, mas o tráfico que eles sustentam. Vejam na Internet o artigo “Nós, os que matamos Tim Lopes”, do poeta Affonso Romano de Santana. Lendo-o fica fácil entender o que digo. O poeta acusa, com muita propriedade e argumentos, o jovem que “vai ao banheiro cheirar uma carreirinha de pó”, como se estivesse fazendo a coisa mais inocente do mundo, acusa a elite que “dá festas elegantes servindo ecstasy em bandejas”, quem “dá suas cafungadas, porque isto faz parte da ‘nite’, o artista e intelectual que curte seu pozinho e faz elogio de um equivocado conceito de marginalidade estética”, o jornalista “que curte sua droguinha de vez em quando”, o músico que para embalar seus shows “entra no barato”, o policial, que “pactua com o crime e recebe propinas do tráfico”, o advogado que “defende traficantes”, o juiz relapso que “neglicencia processos de traficantes”, o político demagogo e clientelista, que só se aproxima da favela para tirar votos, os que “fizeram a política recessiva, que abria empregos no tráfico”, enfim todos, de terem matado Tim Lopes. Acusa a todos eles de terem matado Tim Lopes, por sustentarem o esquema criminoso que faz circular a droga e infernizar a vida de milhões de famílias e rouba um bom pedaço do futuro do Brasil. Lembrou no artigo em 2002, que “essa guerra” já durava 30 anos. Agora, portanto, 41 anos. Não é de se admirar que a droga, com o avanço tecnológico do aproveitamento da borra da cocaína e a corrupção policial e judiciária tenha crescido assustadoramente. E olha que o artigo, é de apenas 11 anos atrás, mas ainda nem fala em crack. Cabe, portanto acrescentar que, para sustentar o sistema é preciso mais que um baseado, uma fungadinha, um trago no cachimbo, uma lombra... É preciso ter altas autoridades policiais, políticos influentes, “vestais” das altas esferas do Judiciário e gente cretina que, independente da ideologia ou partidos permanecem à frente das três esferas de governo, estão lá, sempre a serviço do mal. Não listar a droga da droga entre as bandeiras de luta destas gigantescas manifestações é a prova de que, os movimentos são por demais alienados da realidade ou, muitos deles estão entre aqueles que Affonso Romano acha que mataram Tim Lopes.
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¹Por Crispiniano Neto

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