sábado, 10 de março de 2012

Campestre: professora tem direito negado (por Joel dos Anjos)

"Sobre as nossas cabeças, sem que o possam deter, o tempo corre."
Tomás Antônio Gonzaga

Ela jamais imaginou que o tempo abdicado de si mesmo resultasse em tanta indiferença. Sessenta e cinco anos de idade, trinta deles dedicados à educação. E a palavra dedicação aqui não é um simples adorno ou força de expressão. É entrega, compromisso, doação. Exagero? Ora, Avaní era assim. Anulava-se se fosse preciso para viver a sua grande paixão: ensinar. Quem a conhece sabe bem do que falo. Mas apenas quem tem alma de educador tem sensibilidade para lhe devolver em respeito os anos de dedicação.
Aos sessenta e cinco anos de idade seria naturalmente impensável lhe entregar uma turma com 32 alunos. Mas o inimaginável acontece, principalmente quando foge de nós qualquer resquício de respeito ou reconhecimento.
Há dois anos Avaní espera por uma licença. Inquieta-me vê-la de pires na mão mendigando o descanso que por direito lhe cabe. Se por um lado o criminoso fator previdenciário lhe rouba o sonho da aposentadoria; por outro, a insensibilidade ou a insensatez lhe obriga a permanecer em sala de aula com a saúde sabidamente fragilizada.
Mas o tempo que corre sobre as nossas cabeças invariavelmente nos cobra o respeito devido e o direito negado.

Um comentário:

  1. é lamentável viver numa sociedade onde os valores estão invertidos!!! Quero deixar meu profundo respeito por uma pessoa que contribuiu com minha formação. Um grande abraço a "tia Avani" Uma relíquia na educação do nosso município!
    Jobson Moura - Prof. da Esc. Mun. Jardelina

    ResponderExcluir

Todos os comentários que não contiverem ofensas e termos inadequados serão autorizados.