segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O MEC e a mudança no ensino médio (por Luiz Carlos Amorim)

O MEC - Ministério da Educação - está querendo, e não é de hoje, "fundir" as atuais treze disciplinas do ensino médio em apenas quatro "áreas": ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática. Só que não definem, não esclarecem quais as matérias entram em cada uma das "áreas". Será que na miscelânea não vai sobrar nada? Justificam a mudança com a desculpa de que as matérias que compões o currículo atualmente estão muito "fragmentadas". Penso que se dessem mais atenção à educação nacional, se investissem mais, o ensino estaria muito melhor.
A verdade é que o projeto de mudança voltou à baila depois que saiu o resultado do IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2011, nada bons, evidenciando o baixo nível da nossa educação pública. A mudança até poderia ser promissora, se tivéssemos um Ministério da Educação que funcionasse, que priorizasse o ensino no país. Mas ninguém acredita que a implantação do projeto seja pelo menos razoável, pois a educação brasileira está em franca decadência, para não dizer falência. Os professores não bem pagos, nem sempre são qualificados, não são em número suficiente para atender o grande número de estudantes da escola pública, os espaços físicos nem sempre tem manutenção - existem escolas caindo aos pedaços, sendo até desativadas - e também falta equipamentos. Além disso, o tal projeto, segundo disse representante do MEC, necessitaria de período integral para ser eficaz. Se o país não dá conta de ensinar suas crianças em meio período, como vai conseguir ensinar em período integral? Seria muito bom, com certeza. Mas o "poder público" vai investir nisso? Até agora vem investindo cada vez menos.
Então a impressão que dá é que o ministro Mercadante - estamos bem, sai Haddad e entra Mercadante - quer "diminuir a dificuldade" de aprendizado dos estudantes do ensino médio e mascarar a falta de qualificação de alguns professores mal pagos e mal selecionados, para que seja feita uma boa prova do ENEM e, assim, os resultados passem a ser bons, e o governo possa gastar mais dinheiro em propaganda dizendo ao povo que a educação brasileira é modelo, que tudo vai bem e assim por diante.
E sabemos que os índices do Ideb e as notas do ENEM só não são piores, porque temos, na rede de ensino nacional, professores dedicados e abnegados, que mesmo sem reconhecimento e pagamento digno pelo seu trabalho, fazem um trabalho excepcional.
O que precisamos é a valorização dos professores, mais qualificação, mais reconhecimento, mais respeito pela educação pelos donos do poder. Precisamos de mais escolas e mais professores, quando o que ocorre é o contrário: escolas sem condições de uso são parcialmente ou totalmente desativadas, obrigando as outras a diminuírem as horas de aula das turmas, pois não há outra alternativa senão aumentar os turnos, tendo que receber mais alunos.
Corremos o risco de, havendo mais essa mudança, termos um segundo grau reduzido a cursinho para fazer a prova do ENEM. Precisamos nos mobilizar para que isso não aconteça.
_______________________________
Fonte: Http://luizcarlosamorim.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todos os comentários que não contiverem ofensas e termos inadequados serão autorizados.