Apesar de ser um assunto antigo no Congresso, a proposta que
prevê a legalização de casas de prostituição no País, apresentada pelo deputado
Jean Wyllys (PSOL – RJ), divide os parlamentares na Câmara. As divergências
superam a divisão partidária. Nesta questão, o que conta são as convicções
religiosas ou de fundo moral de cada deputado.
A deputada Iriny Lopes (PT-ES), ex-ministra da Secretaria
das Mulheres, concorda com a necessidade de tramitação da proposta, mas não se
diz tão otimista quanto o deputado Jean Wlillys, que acredita que a
regularização da profissão teria mais facilidade de ser aprovada no Congresso
que o projeto que criminaliza a homofobia.
Segundo Iriny, a Câmara, como reflexo da sociedade, não vive
tempos libertários e por isso, a proposta encontraria dificuldades de
aprovação, apesar de utilização forte do serviço pelo meio político.
“Não sou tão otimista quanto o deputado Jean Wyllys, embora
concorde com a necessidade de se aprovar esse projeto e que esse serviço é
realmente bastante utilizado, não só pelos congressistas, quanto pela
sociedade. O que ocorre na Câmara é reflexo da sociedade. Essa ainda é a
profissão mais antiga do mundo”, disse a deputada, que quando presidiu a
Comissão de Direitos Humanos da Câmara, em 2006, realizou uma audiência pública
sobre o assunto.
“A dificuldade em aprovar um projeto dessa natureza é porque
não vivemos tempos libertários, nem na sociedade, nem no Congresso. O fato de
que a maior parte do Congresso utiliza esse serviço, não torna a tramitação
dessa matéria fácil. O preconceito sobre essa profissão é imenso. A
intolerância é a mesma que sempre ocorreu há 200 ou 300 anos”, disse a
deputada.
Para Iriny Lopes, a proposta precisa tramitar pela Câmara
acompanhada do combate ao preconceito. “A Câmara não deve se furtar a discutir
um assunto tão importante”, destacou.
Igreja contra
Na opinião de Wyllys, o Brasil precisa se inspirar na
Alemanha para regularização a prostituição às vésperas da Copa do Mundo de
2014. “O Brasil vai receber centenas de milhares de turistas e a gente não pode
ser ingênuo de pensar que esses turistas não vão demandar por esse serviço
sexual”, afirma.
O argumento não é bem recebido pela ala religiosa do
Congresso. “Eu sou católico, apostólico, romano e a igreja é contra a
prostituição. A gente não pode acreditar que o Brasil vai ser visitado para
prostituição (durante os jogos)”, afirma o senador Antônio Carlos Rodrigues
(PR-SP).
Outros representantes da ala progressista também consideram
o tema polêmico e passível de uma resistência natural dentro da Câmara e do
Senado.
“É um tema oportuno, mas muito polêmico. Haverá uma
resistência não só dentro do Congresso. Acho que temas ligados a comportamento
enfrentam grandes obstáculos tanto na sociedade quanto no Congresso. É preciso
um grande debate para superar uma resistência que resulta do conservadorismo”,
avalia deputada Luiza Erundina (PSB-SP).
___________
Fonte: Ig
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os comentários que não contiverem ofensas e termos inadequados serão autorizados.