A pergunta é se Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves
aguentarão quase um mês de tiroteio, prazo até a realização das eleições para
as presidências do Senado e da Câmara. Valerá a pena receber todos os dias
saraivadas de denúncias, recriminações e acusações de malfeitos, praticados ou
não pelos dois parlamentares? A gente fica pensando por que insistem, ou
melhor, por que se lançaram? Fama, riqueza e poder valem tanto assim? Afinal
conhecidos já são, admirados por uns, execrados por outros. Encontram-se mais
do que bem de vida, pode-se dizer ricos, sem problemas financeiros.
Sobra o poder, como meta alternativa. Presidir a Câmara ou o
Senado permitirá a ambos nomear um monte de funcionários e correligionários.
Ajudarão empresas e empresários amigos em suas postulações, em especial se
voltadas para seus Estados de origem, Alagoas e Rio Grande do Norte. Decidirão,
também, sobre que projetos serão postos em votação e que outros continuarão nas
gavetas.
Terão influência em atos do Executivo, um pouco mais, um
pouco menos, mas deixando óbvio para Dilma Rousseff a necessidade de a oração
de São Francisco ser rezada no palácio do Planalto: é dando que se recebe. Como
substitutos constitucionais da presidente e do vice, quando em viagem ao
exterior, incluirão em suas biografias fugazes ocupações do poder maior.
Permanece, porém, a indagação: por que Renan e Henrique
Eduardo se expõem tanto assim, sendo maltratados diariamente pelos jornais,
televisões, rádios e pela mídia cibernética? Em nome de que, além da vaidade,
admitem ter reviradas suas vidas e trajetórias políticas, aliás, em nada
diferentes da grande maioria da classe política?
Trata-se de um mistério, dentro de um enigma, envolto por
uma charada. Como integram o mesmo partido, o PMDB, e como provém de pequenos
Estados da mesma região, há quem suponha um objetivo oculto na resistência de
ambos em permanecer candidatos, a um passo da escolha. Há quem suponha fazerem
parte de uma trama secreta com nome e endereço no catálogo telefônico: Michel
Temer, Palácio do Jaburu.
Poderá surpreender-se o ingênuo que achar impossível,
inviável e inadmissível a hipótese de o vice-presidente quebrar o acordo com
Dilma, Lula e o PT. Dispondo de instrumentos institucionais como as
presidências do Senado e da Câmara, como maior partido nacional, o PMDB não
deve ser subestimado. Faltará, para essa estranha equação viabilizar-se, uma
crise qualquer de grandes proporções. Um inusitado. Como eles costumam
acontecer...
Indicações ou pressões? – Em poucos dias ganhou o plano das
especulações viáveis a possibilidade de pequenos reajustamentos no ministério.
Como por orquestração, a mídia anda cheia de rumores sobre a ida de Gabriel
Chalita e de Afif Domingos para o primeiro time da equipe do governo. Ciência e
Tecnologia como Pequenas e Médias Empresas, seriam apenas duas hipóteses, entre
outras. A presidente Dilma continua muda sobre mudanças capazes de marcar a
segunda metade de seu primeiro mandato, mas anda conversando muito com
políticos e empresários. Há algo no ar, além das pressões feitas pelos partidos
da base oficial para aumentarem seus espaços de poder.
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Amazonas em tempo
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