sábado, 24 de dezembro de 2011

Se* (Rudyard Kipling)

Se podes calmo estar entre homens que se agridem,

a cabeça perdendo - e disso te acusando;

se podes crer em ti quando os outros duvidem,

mas concordar em que prossigam duvidando;

se podes esperar, sem que a espera te canse,

ou mintam sobre ti - sem que mintas, no entanto,

ou, sendo odiado embora, o ódio te não alcance,

e não pareças - inda assim - ou sábio, ou santo;


se sonhas, mas não és por sonhos dominado;

se pensa, mas não vês, só nisso, o alvo da mente;

se o Triunfo, ou o Desastre, encontras a teu lado

e tratas esses dois tartufos igualmente;

se disseste a verdade - e a podes ver torcida

em ardil de impostor; se rotas em pedaços,

as coisas por que tu sacrificaste a vida,

curvado as reconstróis com os teus doridos braços;


se podes arriscar tudo que é teu - mas tudo -

num lance só - cara ou coroa - e, num momento,

perder, e começar de novo, e ficar mudo,

sem uma queixa, uma palavra de lamento;

se podes obrigar teu corpo, na verdade

exausto em carne e em alma, a erguer-se e a te servir,

quando em ti nada houver senão tua vontade

que não se rende e lhe comanda: "Resistir";


se te ouvem multidões e a virtude é contigo,

ou freqüentas os reis e o bom-senso te guia;

se não podem ferir-te, o amigo ou o inimigo,

e se, confiando em ti, - de mais, ninguém confia:

se, de cada minuto, enches cada segundo

com um passo para frente em luminoso trilho,

então eu te direi que dominas o Mundo

e direi muito mais: que és um Homem, meu filho!

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*Tradução de Gondin Fonseca

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