A reação da classe política aos protestos da sociedade
realizados nos últimos dias não demorou, e um projeto de repressão, de autoria
dos senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Ana Amélia (PP-RS) e Walter Pinheiro
(PT-BA), apresentado em 2011 pode voltar à pauta do Congresso Nacional nos
próximos dias.
O PL 728/2011 prevê que manifestações durante a Copa das
Confederações, que está acontecendo este mês, e Copa do Mundo, que será
realizada em 2014, sejam tratadas como atos de terrorismo e limita o direito
dos trabalhadores à greve.
O texto do projeto na página do Senado diz que a lei “define
crimes e infrações administrativas com vistas a incrementar a segurança da Copa
das Confederações FIFA de 2013 e da Copa do Mundo de Futebol de 2014, além de
prever o incidente de celeridade processual e medidas cautelares específicas,
bem como disciplinar o direito de greve no período que antecede e durante a
realização dos eventos, entre outras providências”.
As penas previstas no projeto variam entre 15 a 30 anos, e
especifica que questões ideológicas sejam enquadradas em crimes de terrorismo.
Diz o texto do PL 728/2011: “Terrorismo. Art. 4º Provocar ou infundir terror ou
pânico generalizado mediante ofensa à integridade física ou privação da
liberdade de pessoa, por motivo ideológico, religioso, político ou de preconceito
racial, étnico ou xenófobo: Pena – reclusão, de 15 (quinze) a 30 (trinta)
anos”.
Na justificativa do projeto, os autores afirmam que “a
tipificação do crime ‘Terrorismo’ se destaca, especialmente pela ocorrência das
várias sublevações políticas que testemunhamos ultimamente, envolvendo nações
que poderão se fazer presente nos jogos em apreço, por seus atletas ou
turistas”. O dicionário Michaelis define sublevação, como “incitar à revolta,
insurrecionar, revolucionar [...] revoltar-se”.
O projeto de lei contraria o artigo 5º da Constituição
Federal, que garante o direito à livre manifestação nas ruas e praças públicas.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente;
A repercussão da existência do projeto nas redes sociais foi
completamente adversa. Uma petição pública foi publicada através da ONG Avaaz,
exigindo que o PL 728/2011 seja modificado.
Manifestantes criticaram o projeto classificando-o como
autoritário: “Quando eles vão aprender que medidas totalitárias só irão piorar
a situação (deles)?”, escreveu o internauta Fabiano Pereira, numa página no
Facebook. “Isso é Brasil. Essas e outras baixarias vão acabar. O povo
acordou!”, complementou Vinício Gollin Sena.
Segundo a Agência Senado, uma enquete com internautas
detectou que a maioria das pessoas que souberam do projeto reprovaram a ideia.
O levantamento foi realizado entre os dias 16 de abril e 1º de maio, e 67% das
pessoas se colocaram contrários à proposta, e 33% se disseram favoráveis.
O sentimento de que a proposta não será levada adiante da
maneira que está foi expressado pelo internauta Bruno Araújo: “Isso aí não vai
sair do papel, e mesmo que por um acaso do destino acabe saindo, vai tomar uma
ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) imediatamente”.
http://noticias.gospelmais.com.br/projeto-lei-protestos-copa-considerados-terrorismo-55718.html
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