GENEBRA, 18 Jun (Reuters) - A ONU pediu nesta terça-feira ao
governo brasileiro que garanta o direito às manifestações pacíficas e evite o
uso desproporcional da força, e cobrou que seja realizada uma investigação
independente sobre relatos de excessos policiais na repressão aos
manifestantes, após os maiores protestos populares no país em mais de 20 anos.
Rupert Colville, porta-voz para a alta comissária de
Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, também pediu moderação aos manifestantes,
depois de ataques contra a Assembleia Legislativa e alguns prédios históricos e
uma agência bancária durante os protestos no Rio de Janeiro.
"Nós pedimos que as autoridades brasileiras tenham
contenção ao lidar com os crescentes protestos sociais no país e também
apelamos aos manifestantes que não recorram a atos de violência na
reivindicação de suas demandas", disse o porta-voz a jornalistas em
Genebra.
Mais de 200 mil pessoas tomaram as ruas de diversas capitais
do Brasil na segunda-feira para reivindicar melhores serviços públicos, combate
à corrupção e protestar contra os gastos com a Copa do Mundo de 2014.
Apesar de a manifestação ter ocorrido de forma pacífica na
maioria das cidades, no Rio manifestantes mais exaltados depredaram uma agência
bancária, lojas e restaurantes e atearem fogo a ao menos dois carros. Em
Brasília, manifestantes invadiram a área externa do Congresso Nacional e a
segurança do Palácio do Planalto foi reforçada.
Nesta terça-feira de manhã, funcionários da prefeitura do
Rio limpavam as ruas e recuperavam as calçadas danificadas no entorno do
Assembleia, enquanto as carcaças de dois carros incinerados eram removidos por
reboques.
Segundo o porta-voz, o órgão da ONU está particularmente
preocupado com o uso excessivo da força policial, que inclui relatos de pessoas
feridas e presas, entre as quais jornalistas cobrindo as manifestações, o que
"não deve se repetir".
Ele elogiou o acordo em São Paulo para que a polícia não use
mais balas de borracha contra manifestantes, e pediu que as autoridades
negociem com os manifestantes.
Colville ainda elogiou o posicionamento da presidente Dilma
Rousseff, que na segunda-feira disse considerar legítimas as manifestações
pacíficas, "próprias da democracia".
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Fonte: Reuters Brasil
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