Clique na imagem para ampliar
Vinícius Wu, secretário-geral de governo do Rio Grande do
Sul, recomenda em artigo publicado no site Cartamaior que os dirigentes
políticos do campo progressista evitem reproduzir aqui os erros da esquerda
espanhola que, inicialmente, criminalizou o 15-M e terminou falando sozinha nas
últimas eleições. E alerta que também seria recomendável não outorgar, de forma
alguma, às elites brasileiras uma capacidade de mobilização que ela não possui.
Diz que é preciso urgentemente refutar a ideia de que os jovens estão nas ruas
em função da mídia ou de qualquer tipo de conspiração das "elites".
Admitir que este é o motivo, diz ele, é o primeiro passo para cair em um erro
elementar. Wu alerta que a forma menos adequada de buscarmos a compreensão de
um fenômeno social complexo é a simplificação. E diz que não encontraremos uma
única motivação para os recentes protestos que se espalharam pelas principais
cidades do país e agora por outras cidades do mundo. Avalia que temos questões
mais gerais e universais ao lado de outros muitos temas locais e setoriais. Há
aspectos que aproximam os manifestantes de São Paulo aos do Rio e de Porto
Alegre e, outros tantos, que os distanciam. Vinícius diz que o que se pode
dizer preliminarmente é que estamos diante de uma expressão política do novo
Brasil. A revolução democrática, levada a termo pelos governos Lula, redefiniu
a estrutura de classes da sociedade brasileira, incluiu milhões de brasileiros
à sociedade de consumo e possibilitou a emergência de novas expressões
culturais e políticas. Mas o inédito processo de inclusão social e econômica
ainda é imperfeito, inconcluso e contraditório. As dinâmicas políticas
decorrentes do processo massivo de inclusão social em curso ainda são
imprevisíveis, mas algumas pistas são visíveis e exigem da esquerda brasileira
uma reflexão mais adensada. Os dez anos de governo de esquerda no país nos
deixam um legado de grandes conquistas, entretanto, há incerteza e imprecisão
quanto aos próximos passos. Demandas históricas não atendidas carecem de respostas
mais amplas. Além disso, novas questões sempre se impõem num cenário de
conquistas sociais e políticas. Pois, se é verdade que os governos do PT
incluíram milhões e possibilitaram acesso a inúmeros serviços antes
inacessíveis, também é verdade que temos, em diversas áreas, serviços de baixa
qualidade e, fundamentalmente, caros. São muitos os problemas não resolvidos e
é evidente o avanço da direitização da política no Brasil. O governo fica meio
acuado diante da ofensiva de propostas como as de Marco Feliciano, a volta do
aumento da taxa de juros e a desaceleração do processo desenvolvimentista, a
paralisação da reforma agrária e a mídia sempre criminalizando os movimentos
sociais e criando um clima de terrorismo econômico com fins políticos. Este caldo
de cultura não pode dar em boa coisa. O sinal amarelo está aceso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os comentários que não contiverem ofensas e termos inadequados serão autorizados.