Pesquisas reservadas entregues ao Palácio do Planalto
mostraram que a maior ameaça aos planos de reeleição da presidente Dilma
Rousseff vem do risco de descontrole da inflação, informação que reforçou a
decisão da petista de priorizar o combate à alta de preços neste ano.
Pesquisas feitas em abril indicaram que alta de alimentos
fez avaliação de Dilma cair até 10 pontos - Divulgação
Segundo a Folha apurou, sondagens feitas em abril
registraram uma queda de até dez pontos na popularidade de Dilma num momento em
que o avanço dos preços caiu na boca da população, com a inflação elevada sendo
simbolizada pelo tomate mais caro nos supermercados.
A presidente, que já se mostrava preocupada com o tema
depois das críticas da oposição ao risco de descontrole inflacionário no país,
decidiu mudar o tom de seus discursos contra o perigo da alta de preços.
Em março, ela havia afirmado que não concordava com medidas
econômicas anti-inflacionárias que “matavam o doente”.
Segundo assessores, a mudança de tom já surtiu efeito. Uma
nova rodada de pesquisas, levada ao Planalto nas últimas semanas, teria
mostrado uma recuperação da popularidade da petista nesse tema, em alguns casos
de até oito pontos percentuais.
A equipe de Dilma diz que não foi só o discurso que fez
diferença, mas também o início do recuo da inflação e da alta de juros feita
pelo Banco Central em abril -de 0,25 ponto- e na semana passada -de 0,50 ponto,
fazendo a taxa atingir 8% ao ano.
Apoio integral
A decisão do BC de elevar a dose de aumento de juros, por
sinal, contou com o “apoio integral” da presidente Dilma, dentro da avaliação
de que é preciso garantir a queda da inflação neste e, principalmente, no
próximo ano, da eleição presidencial.
Assessores mais próximos de Dilma, porém, avaliavam que o
PIB fraco do primeiro trimestre (0,6%) recomendava a manutenção da alta de
juros feita em abril, de 0,25 ponto percentual.
Um deles disse à Folha que o BC foi “muito severo” e que não
há o “menor risco” de a inflação sair do controle. Outro, questionado sobre o
que achava da decisão do banco, afirmou que o “Financial Times” –jornal
britânico que tem criticado a política econômica do governo Dilma– deve ter
gostado muito.
Um terceiro disse avaliar que o BC nem precisava subir os
juros, mas que esse não é pensamento da chefe e que ela decidiu fechar com o
presidente da instituição, Alexandre Tombini, a quem hipotecou “apoio
integral”.
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