domingo, 13 de junho de 2010

Panem et circenses (por Joel dos Anjos)

Na Roma antiga, o medo de que a população se revoltasse contra o governo e exigisse melhores condições de vida, fez com que fosse criada a política do pão e circo.

Essa política adotada na Roma antiga é muito parecida com a política adotada hoje no município de São José do Campestre. A prefeitura, através da secretaria de educação promoverá na segunda quinzena de junho, o São João da educação. Estima-se que será gasto algo em torno de quinze mil reais para a realização do evento. Uma pequena fortuna para um município que não tem dinheiro para pagar aos trabalhadores nem para manter em dia o estoque de dipirona na farmácia do hospital.

Cabe então uma pergunta: por que não dividir essa pequena fortuna com as escolas do município? Mais uma vez a resposta, ou melhor, o argumento apresentado parece ter saído do roteiro de algum filme de humor: “não se pode deixar morrer a tradição”. Ora, a tradição que verdadeiramente interessa aos trabalhadores é receber seu salário em dia e integralmente. Essa tradição deixaram morrer e nenhuma voz se levantou em sua defesa.

O que é a tradição diante da fome? Se existem trabalhadores extravasando a necessidade do pão para agasalhar o estômago vazio, como é possível pensarmos em festa? Esta me parece a mais cruel de todas as contradições. Mas fica a certeza: estamos longe de aprendermos a nos colocar no lugar do outro, a sentir a dor do outro. A tão sonhada e necessária cidadania ensinada aos nossos alunos parece não ter sido apreendida por quem faz a educação.

Estamos dando uma aula de indiferença e egoísmo. Oxalá, tomara que os nossos alunos não aprendam a lição.

Um comentário:

  1. Na verdade Joel é que os que estão no "poder" hoje já estiveram no lugar do outro, mas o que vejo de pior nessa história toda é que os mesmos cometem os mesmo erros que condenavam antes. Pois aprendi que errar é humano, porém errar duas vezes já é burrice e errar mais que duas vezes é o que?

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