sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Festejemos a luta* (por Joel dos Anjos)

Se a idéia é importante, o que dizer da ação? Das pequenas-grandes decisões tomadas todos os dias, às vezes sem nenhuma pretensão, mas que tomam dimensões inesperadas? O que dizer das palavras balbuciadas quase às escondidas, mas que por alguma razão alguém as ouve e elas se tornam verdades que nunca foram ditas? O certo é que todos os dias aberta ou silenciosamente, estamos dando um importante passo para a construção do mundo que imaginamos. "A vida", disse o poeta, "é luta renhida". E a luta, necessariamente, não precisa ser vitoriosa. A vitória depende do ponto de vista de cada um. Há os que perdem mesmo depois de anunciada a vitória. Ou porque não sabem o que fazer dela; ou porque vencer era o único objetivo, urgente e inadiável.
Não são todos que conseguem se colocar acima da vitória ou da derrota, porque para alguns os sonhos só fazem sentido enquanto podem manter viva a esperança de vitória, depois ver-se que os sonhos não eram verdadeiros e que os ideais sequer existiam.
Vencer. Ora, vencer. Quantos conhecem o significado dessa palavra? Vencer e dar-se por satisfeito, vencer e não saber a resposta que jurava conhecer, vencer e realizar-se a si mesmo. Qual o sentido em tudo isso? Certamente nenhum. Mas em tudo isso existe uma verdade: a de que vencer pura e simplesmente, não é necessário; necessário é continuar lutando.
O mundo que sonhamos não virá da inércia nem tampouco da indifereça. Ele é construído quando alguém perde a inocência e protesta, quando deixamos de nos preocupar tanto com o destino, quando nos arriscamos, quando defendemos a verdade e a justiça, quando nos indignamos diante da fome e da miséria, quando a desigualdade nos escandaliza, quando optamos pela luta.
Festejemos, portanto, a luta, qua nos sustenta sobre esse chão de pedras; que nos ensina que o importante da vida não é esperar que nasçam as flores, mas semear. E se não nos for dado o direito de ver os caminhos que florirem que nos baste a certeza de que eles florirão. E eles florirão...


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* Suaíli ou Suaíle é um povo de orígem
banta e árabe que vive na costa oriental da
África. A expressão "festejemos a luta" faz
parte de um dos cantos de guerra desse povo.

2 comentários:

  1. "O mundo que sonhamos não virá da inércia nem tampouco da indifereça".

    Gostei do post, professor.

    Que cada um saiba seu propósito em levantar todos os dias, lutando por ele.

    Abs.

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  2. Alixandre, obrigado pela visita e pelo comentário. Espero que acesse outras vezes. Abraço.

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