Com um PIB de 35% do total latino-americano e crescimento
que supera os vizinhos do Mercosul, a jovem Aliança do Pacífico --que completa
um ano em junho-- dividiu a região e já desperta interesse como "a
alternativa pró-mercado" do continente.
Diante de um Mercosul com imagem fragilizada por decisões
políticas recentes, como a suspensão do Paraguai, e pela lentidão em fechar um
acordo de livre comércio com a UE (União Europeia), o grupo formado por
Colômbia, Chile, Peru e México tomou para si o papel de "novo motor
econômico e de desenvolvimento da América Latina".
Segundo o assessor internacional da Presidência, Marco
Aurélio Garcia, a Aliança "não tira o sono" do Brasil. Para o
Itamaraty, não existe "inveja" ou medo de "perder espaço".
No entanto, o contraponto mais liberal ao Mercosul está
criado e ganha atenção --o que se deve, em parte, pelo papel "pouco
ativo" do Brasil e do bloco do sul, na opinião do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso.
"O Brasil não conseguiu exercer uma liderança capaz de
impedir a fragmentação da América do Sul", disse FHC à Folha. "Os
países do Mercosul não se esforçaram por acordos comerciais e tampouco
avançaram na direção de formar um verdadeiro bloco integrado."
VANTAGEM
Em 2011, os países da Aliança do Pacífico já exportaram 10%
a mais em bens e serviços que os do Mercosul (incluindo a Venezuela, que não
fazia ainda parte do bloco). O crescimento em 2012 entre os integrantes do
grupo do Pacífico foi de 4,9%, em média --bem acima dos 2,2% do Mercosul.
Enquanto as negociações de um acordo entre Mercosul e UE se
desenrolam lentamente após mais de uma década de discussões, a Aliança já
atraiu França, Espanha e Portugal como observadores.
Para o Brasil, o bloco do Pacífico ameaça o que era até
então uma vantagem comparativa do país: o tamanho do mercado. Juntos, os países
da Aliança têm população de 209 milhões e PIB de US$ 2 trilhões --próxima aos
198 milhões de habitantes e US$ 2,4 trilhões de PIB do Brasil.
"Para atrair investimentos, a Aliança é muito mais interessante
porque é do tamanho do Brasil, mas cresce mais rápido e tem mais qualidade de
política, com inflação baixa e economias menos fechadas", avalia Armando
Castelar Pinheiro, coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getúlio Vargas.
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Fonte: Folha de São Paulo
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