BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu a retirada da proposta de rotular bebidas
alcoólicas com mensagens sobre o mal do álcool à saúde, tópico incluído pelo
deputado e relator Givaldo Carimbão (PSB-AL) no projeto que altera a Lei de
Drogas. Nas negociações para incluir o projeto na pauta de votações do plenário
da Câmara, Alves pediu que Carimbão deixe de fora a ideia de incluir
advertências nas embalagens de bebidas alcoólicas, a exemplo do que já é feito com
os maços de cigarro. O mesmo pedido foi feito pelo líder do PSDB na Câmara,
deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
O projeto de lei, sob a relatoria de Carimbão, prevê
internações involuntárias de dependentes de drogas e financiamento a
comunidades terapêuticas, entidades de cunho religioso que abrigam dependentes
em abstinência. O texto vai além e, na comissão especial criada para debater o
projeto, o relator incluiu uma sessão específica para o álcool, uma droga
lícita. Um artigo e dois parágrafos especificam que o rótulo de bebidas
alcoólicas “deverá conter advertência sobre seus malefícios, segundo frases
estabelecidas pelo órgão competente”. Imagens devem acompanhar as mensagens,
que precisam ser trocadas a cada cinco meses, conforme a proposta.
O texto não recebeu qualquer objeção do Palácio do Planalto.
O acordo costurado na Casa Civil da Presidência manteve intacta a especificação
para as bebidas alcoólicas. As restrições surgiram no Congresso, onde é forte o
lobby das indústrias de bebidas. Nas eleições em 2010, grandes cervejarias
doaram pelo menos R$ 6 milhões a candidatos, a grande maioria deles na disputa
por um mandato de deputado federal. O comitê financeiro do PMDB no Rio Grande
do Norte recebeu R$ 70 mil em dinheiro de uma dessas indústrias, conforme
registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Carimbão nega que o presidente da Câmara tenha condicionado
a inclusão do projeto na pauta de votações à retirada do tópico sobre os
rótulos das bebidas alcoólicas. Em razão do tumulto da votação da MP dos
Portos, não há previsão de quando a votação ocorrerá.
— Ele me perguntou se era possível retirar e separar a
questão das drogas lícitas e ilícitas. Se eu sentir que isso pode derrubar o
projeto como um todo no momento da votação, posso retirar — disse o relator.
Na comissão especial, segundo Carimbão, as sugestões para as
bebidas alcoólicas eram ainda mais amplas, com a proibição de propaganda dos
produtos. Esse item foi rejeitado pelos deputados, capitaneados pelo autor do
projeto, deputado Osmar Terra (PMDB-RS).
_______
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os comentários que não contiverem ofensas e termos inadequados serão autorizados.