O pequeno livro, em que me atrevo
A mudar numa trêmula cantiga
Todo o nosso romance, ó minha amiga,
Será mais tarde nosso eterno enlevo.
Tudo o que fui, tudo o que foste eu devo
Dizer-te: e tu consentirás que o diga,
Que te relembre a nossa vida antiga,
Nos dolorosos versos que te escrevo.
Quando, velhos e tristes, na memória
Rebuscarmos a triste e velha história
Dos nossos pobres corações defuntos,
Que estes versos, nas horas de saudade,
Prolonguem numa doce eternidade
Os poucos anos que vivemos juntos.
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Soneto I - Guilherme de Almeida
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