Nos últimos três anos, se fez educação em Campestre construindo muros em vez de pontes. Primeiro se construiu um muro separando o professor e o governo; depois se construiu um muro separando o aluno dos seus direitos mais elementares, como merenda, transporte escolar e dias letivos. Teve até um muro separando a democracia das escolas e legitimando um terceiro mandato consecutivo para diretores, vice-diretores e coordenadores pedagógicos.
Educação é acesso. Não se pode falar bem de uma educação que nega oportunidades, que obstrui os caminhos, que constrói muros em vez de pontes. Uma educação feita assim, nesses moldes, está a serviço do atraso e não do desenvolvimento. Desenvolvimento significa diminuir a distância que nos separa da informação, do conhecimento, do senso de justiça, do respeito que devemos ter às pessoas e às coisas. Mas essa distância só será vencida se em vez de muros construirmos pontes.
Os muros segregam, mas as pontes nos levam, inevitavelmente, a novos caminhos e a novas descobertas. A construção de muros nos passa a ideia de isolamento; a construção de pontes sugere relacionamento.
A primeira ponte a ser construída deve ser aquela que levará qualidade de ensino às escolas. Essa ponte servirá também para levar a criança e o jovem à escola, não para ser mais um número em sala de aula, mas para preparar-se para a vida. Essa escola tem que despertar o interesse, tem que entusiasmar, tem que envolver. Não é uma escola qualquer.
A segunda ponte, não menos importante, é a ponte do diálogo entre o governo e quem pensa educação. Existe uma diferença entre quem faz educação e quem pensa educação. Na maioria das vezes se faz educação pensando em gastos, em despesas, em promoção pessoal, e o resultado é uma educação ineficiente, incompleta, deficiente na construção do saber.
A partir do diálogo é possível vislumbrar a construção de outras pontes: a ponte que levará o professor à motivação; a ponte que irá conectar o jovem ao conhecimento; a ponte que irá unir escola e sociedade...
É interessante como a construção de uma ponte leva a construção de outras pontes, todas elas voltadas para uma única direção: o desenvolvimento.
Pontes ou muros? A resposta me parece óbvia. O desafio aqui não é escolher entre o que nos limita e o que nos dá oportunidade, mas entender porque se ergueu mais muros do que se construiu mais pontes.
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